8 em cada 10 brasileiros acumulam lixo eletrônico em casa
A segunda edição da pesquisa "Resíduos Eletrônicos no Brasil 2023", conduzida pela Green Eletron, entidade responsável pela logística reversa de eletrônicos no país, revelou que mais de 80% dos brasileiros mantêm lixo eletrônico armazenado em suas residências. Esse resultado, comparado ao estudo anterior realizado em 2021, demonstrou uma estabilidade preocupante, sublinhando a necessidade de reforçar a conscientização sobre a importância da gestão apropriada desse tipo de resíduo. O Brasil se destaca como o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo, e teria um potencial imenso de reciclagem.
Falta educação ambiental: 7 em cada 10 brasileiros concordam que não há muita informação na mídia sobre lixo eletrônico e como descartá-lo. Enquanto um terço da população ainda associa o lixo eletrônico apenas a spam ou mensagens de e-mail, somente 25% dos entrevistados têm conhecimento de que todos os dispositivos eletrônicos podem ser reciclados. Além disso, 85% das pessoas admitiram acumular algum tipo de lixo eletrônico, e cerca de 80% afirmaram fazer o descarte adequado em até uma vez por ano.
Quanto à legislação referente ao lixo eletrônico, o Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos, assinado em 2019, complementa a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Este acordo estabelece que fabricantes, importadores e distribuidores devem cumprir metas de coleta e destinação ambientalmente adequada dos produtos lançados no mercado nacional. Como exemplo, cidades com mais de 80 mil habitantes, aproximadamente 400 municípios, devem instalar Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em locais de fácil acesso até 2025. A responsabilidade pela instalação dos PEVs é atribuída à iniciativa privada, e o objetivo é coletar e destinar pelo menos 17% do volume de produtos comercializados em 2018, ano de referência para o cálculo.
Definir o que constitui lixo eletrônico é fundamental. Essa categoria inclui todos os dispositivos que utilizam energia elétrica, pilhas ou baterias, como geladeiras, freezers, micro-ondas, cafeteiras, torradeiras, ventiladores, computadores, celulares, controles remotos, cabos, chapinhas, secadores de cabelo, brinquedos infantis e muitos outros exemplos.
É importante destacar que todos os aparelhos eletrônicos podem ser reciclados, e o lixo eletrônico frequentemente contém metais nobres e valiosos, como o ouro presente em telefones celulares, além da possibilidade de extrair prata, cobre e zinco. Além disso, o plástico das capas protetoras de aparelhos, consoles, computadores e eletrodomésticos em geral também pode ser reciclado.
O impacto do lixo eletrônico no meio ambiente é uma questão premente, e a ONU alerta que as atuais 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico geradas anualmente mais do que dobrarão até 2050, tornando-se o fluxo de resíduos de crescimento mais rápido do mundo. Todos esses metais não aproveitados são descartados em aterros sanitários, no meio ambiente ou incinerados, o que resulta na emissão anual de mais de 100 milhões de toneladas de CO2. Especialistas enfatizam a urgência de interromper essa prática prejudicial.
Em relação à reciclagem de lixo eletrônico, apenas cerca de dez milhões de toneladas desse resíduo são recicladas anualmente, representando aproximadamente 20% do total descartado, de acordo com a Global Recycling Foundation. Na América Latina, de acordo com o levantamento de 2019, 97% dos resíduos eletrônicos são descartados de maneira inadequada, enquanto apenas 3% são reciclados.