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Catadores e Cidades Sustentáveis

As catadoras e catadores podem exercer diversas atividades como profissionais, seja na coleta, na triagem, acondicionamento, transporte ou comercialização de resíduos recicláveis, esses profissionais cumprem um papel fundamental para a reciclagem e a limpeza urbana.

Com 25 cooperativas de materiais recicláveis habilitadas na cidade de São Paulo, centenas de profissionais geram renda para suas famílias a partir de um trabalho ainda pouco formalizado no Brasil. Seja nas ruas ou nas cooperativas, o grau de informalidade ainda é grande.

Nas ruas, temos a predominância de homens, trabalhando de forma individual e em maior situação de vulnerabilidade. Nas cooperativas, temos predominância feminina, com maior grau de formalização. 

Independente da situação, a realidade expõe: além de direitos básicos que não são garantidos (moradia, saúde, educação) para populações marginalizadas, falta investimento na formação, profissionalização e desenvolvimento socioeconômico desses grupos. É uma das manifestações do Racismo Ambiental.

As pessoas que lidam com os resíduos da sociedade são invisibilizadas de forma sistemática. Parte de um projeto da elite em transformar esse mercado, até então deixado na informalidade de propósito, em uma oportunidade para startups e empreendimentos da burguesia na gestão dos resíduos.

Entretanto, sabemos bem qual o resultado: bilhões de reais em resíduos recicláveis sendo destinados para aterros sanitários e incineradoras. Enquanto isso, trabalhadoras e trabalhadores suam sangue para tirar menos que um salário mínimo em jornadas de trabalho exigentes, nas ruas e nos galpões.

O Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS) da cidade de São Paulo, por exemplo, foi incorporado pelo município em 2014 e previa a habilitação de uma cooperativa de catadores por distrito. Com um total de 96 distritos, seriam ao menos 96 cooperativas gerando emprego, renda, promovendo a educação ambiental e a logística reversa.

Entretanto, o PGIRS nunca foi aplicado de fato, o que nos leva ao cenário de 25 cooperativas habilitadas, sucateadas pelo poder público, toneladas de resíduos sendo enterrados e milhares de pessoas desempregadas ou subempregadas. A Coleta Seletiva Popular e Solidária, porta a porta, poderia solucionar muitos problemas na maior cidade da América Latina.

O Estado tem diversos equipamentos que podem, não somente mapear, mas fortalecer as catadoras e catadores em cada município. Estejam nas ruas, nos galpões ou em seus próprios empreendimentos, esses profissionais são a chave para o cadeado que fecha a corrente das cidades sustentáveis. Através do investimento na inclusão das catadoras e catadores, promovemos a Justiça Climática e a Economia Circular.

Faltam os órgãos públicos e empresas privadas entenderem a relevância de incluir milhares de pessoas marginalizadas no mercado formal de trabalho. O benefício não será apenas para essas pessoas, mas para a economia a nível local e global. Mais recursos sendo poupados, mais dinheiro na mão dos consumidores e maior índice de qualidade de vida para as pessoas e preservação do meio ambiente.

Catadores carregam as cidades nas costas

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