Catadores pelo Mundo
Milhões de pessoas em todo o mundo ganham a vida recolhendo, separando, reciclando e vendendo materiais que alguém jogou fora. Em alguns países, os catadores constituem a única forma de recolha de resíduos sólidos, proporcionando benefícios públicos generalizados e alcançando elevadas taxas de reciclagem.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam entre 19 e 24 milhões de catadores no mundo - cerca de 1% da humanidade, a maioria são mulheres, que trabalham com a coleta, triagem e reciclagem de resíduos gerados pelas cidades. A realidade é que esse trabalho é invisível, mesmo sendo um trabalho essencial à vida e ao desenvolvimento sustentável do planeta.
Segundo registros da Aliança Internacional de Catadores (IAWP em inglês), existem hoje 114 organizações formadas por catadoras e catadores no mundo, que trabalham com 4 milhões desses profissionais. A maioria dessas organizações trabalham nas ruas (86), de porta em porta em casas e empresas (64) e aterros e lixões (54).
São elas e eles, catadores, que coletam 60% de todo o plástico que é reciclado no mundo. Com o nosso trabalho na recolha, triagem, agregação e venda de resíduos plásticos para reciclagem, desempenhamos um papel histórico na redução da poluição plástica. São pessoas de origens pobres, humildes, marginalizadas, oprimidas, classes trabalhadoras, minorias religiosas e étnicas e comunidades indígenas.
Essas pessoas estão entre as principais afetadas pela emergência climática. Ameaças que contribuem para a perda de meios de subsistência, como o aumento da privatização de gestão de resíduos para projetos de energia ou incineração e exclusão através de outros espaços, como as intervenções políticas na gestão de resíduos plásticos. A categoria também não é citada nas normas de Responsabilidade Estendida do Produtor. Mesmo assim, as catadoras e catadores não desanimam.
Como a prospecção da OIT em 2013 avisou: “O emprego no setor de gestão e a reciclagem de resíduos crescerá à medida que aumente as bandejas de reciclagem. Dos 19 a 24 milhões de pessoas que trabalham atualmente neste setor, apenas 4 milhões têm um emprego formal. A grande maioria trabalhava como recicladores informais nos países em desenvolvimento, e se acredita que em grande parte se trata de mulheres. A reciclagem só poderá se converter em uma atividade verdadeiramente ecológica se esta ocupação for formalizada. Em países como o Brasil, Colômbia e Sri Lanka, onde os recicladores foram organizados em cooperativas e empresas criadas, houve queda de patente que a formalização pode oferecer grandes oportunidades para a inclusão social e a melhoria das condições de trabalho, segurança, saúde e rendimentos.
Além disso, reafirma a grande oportunidade socioeconômica com a inclusão desses profissionais: “Os recicladores de resíduos do setor informal recuperam muito mais materiais recicláveis que as empresas de gerenciamento de resíduos da economia formal. As pessoas que se dedicam ao reconhecimento de resíduos de maneira informal geram um benefício econômico líquido para os municípios nos quais trabalham. No entanto, a reciclagem informal implica condições de trabalho perigosas para as pessoas que se dedicam a ele, que em muitos casos vivem na pobreza”.
1º Congresso Eletivo da Aliança Internacional dos Catadores
A Aliança Internacional de Catadores (@globalrec_org) se reuniu em Buenos Aires, na Argentina, para a sua primeira eleição da mesa diretora, com presidente, vice-presidenta e tesoureira. Para isso, estavam presentes catadores de 34 países, de mais de 50 organizações, representando mais de 460 mil trabalhadores ao redor do mundo. No 1º de maio, Dia do Trabalhador, os recicladores marcharam pelas ruas da capital argentina, carregando faixas, bandeiras de seus países e organizações.
Severino Lima Junior (@severinocatador), inscrito pela Unicatadores, foi eleito o primeiro presidente da Aliança Internacional de Catadores de Materiais Recicláveis para um mandato de 5 anos. Sua vice-presidente é Sushila Sable, catadora indiana, presidenta da associação (@stree.mukti.sanghatana), que empodera mulheres na Índia para uma vida digna e sem violências. A tesoureira é Maditlhare Koena, da Associação de Catadores da África do Sul - saiba mais sobre no site do Congresso.