Doar não basta, precisamos melhorar!

Somente a mudança de comportamento pode pressionar indústrias e governos a fazerem sua parte para a inclusão de catadoras e catadores

A tal da sustentabilidade só será possível se houver a inclusão socioeconômica de catadoras e catadores pelo poder público e privado. A sociedade civil, organizada ou não, tem uma ferramenta poderosa para pressionar esses poderes: o consumo.

Esse consumo gera milhares de toneladas de resíduos sólidos sem parar, e são as catadoras e catadores que coletam a maioria. Mas o maior peso não está nas carroças deles, está na sua indiferença.

Numa estrutura econômica onde o consumo da maioria significa o lucro de poucos, precisamos aprender novas formas de se comportar, de viver, para que não contribuamos, ainda mais, para a desigualdade social e a destruição do planeta.

Não é o seu banho, nem sua luz ligada, que causam o desastre climático, são as bilhares de toneladas de água usadas para hidrelétricas, monoculturas, pecuária agressiva e milhares de processos químicos que as indústrias realizam diariamente.

É a extração de minerais e a poluição de biomas por empresas estrangeiras e nacionais, que comprometem a vida de milhares de seres, humanos e não-humanos, a favor do lucro e do que chamam de “desenvolvimento”.

Desenvolvimento para quem? A que custo vivemos nas cidades? A solidariedade humana é um super-poder, mas ela por si só não basta. Precisamos usar essa força para manifestar nossa vontade pela mudança sistêmica no nosso dia a dia.

Cada uma, cada um, pode ajudar nessa batalha da forma que conseguir: Separando seus resíduos, ajustando sua dieta, mudando fornecedores, opções de mobilidade, se organizando com outras pessoas, promovendo debates, reivindicando direitos e por aí vai.

O dinheiro importa, afinal, ele que movimenta as estruturas. Mas a sociedade organizada, através de suas ações, pode causar abalos que nem todas as notas de papel e moedas de metal do mundo causaram. O peso do dinheiro não pode ser maior que a nossa atitude.