Ecopontos: elo entre catadores e cidades
Sociedade pode desenvolver pontos de entrega voluntária de recicláveis ao mesmo tempo que promove educação ambiental e trabalho digno para catadores:
“Catadores sendo contratados pela prefeitura para fazer gestão nos resíduos e educação ambiental nos Ecopontos é um dos caminhos para uma cidade mais justa. Isso geraria vários postos de trabalho para os catadores serem remunerados, mas os ecopontos são gerenciados por empresas que não contratam catadores”, comenta Nanci Darcolete, catadora há 30 anos em São Paulo e assistente de incidência política no Pimp My Carroça.
O PGIRS em São Paulo prevê a “ampliação da Rede de Ecopontos de forma planejada para todas as Subprefeituras e Distritos (140 Ecopontos até o final da gestão, 2016, e 300 Ecopontos até 2020)”. Quem melhor para trabalhar nestes 180 novos Ecopontos que precisam ser criados do que as catadoras e catadores de materiais recicláveis que já trabalham nessas regiões? Agentes ambientais promovendo o descarte consciente nos territórios.
Entretanto, a relação entre os Ecopontos e os catadores está longe de ser das melhores. Diversos relatos desses profissionais para o Pimp My Carroça e o Cataki envolvem diversas formas de discriminação e até mesmo a solicitação de suborno para aceitar os resíduos:
“Lá na General Flores, não tem câmera, aí que é mais fácil ainda deles ganharem dinheiro. Para você ter ideia, chega deles ganharem um salário mínimo com essas cobranças. Um cobra 50, outro cobra 100, outro, 300 (reais)”, afirmou um catador, que não quis ser identificado, para a reportagem do Brasil de Fato.
São entre 15 e 30 mil catadoras e catadores trabalhando nas ruas, galpões e cooperativas na cidade de São Paulo. São profissionais que, historicamente, limpam as cidades e sustentam, sem serem reconhecidos e remunerados, a taxa de reciclagem do Brasil (nem 4%). Mesmo assim, são criminalizados e sujeitos a diversas vulnerabilidades por causa do Racismo Ambiental e da desigualdade social.
O PGIRS ainda indica a atuação integradas de diferentes atores sendo fundamental para a implementação do chamado “Plano de Coletas Seletivas e Redução de Resíduos em Aterros”. Entre os perfis envolvidos estão: grandes geradores, condomínios, favelas, cooperativas, sucateiros, escolas, Ecopontos, associações de bairro, ONGs e outros. Como destacado, é uma pauta de todas as pessoas que vivem nas cidades.
Nas palavras do Plano, para sua implementação é fundamental a “ampliação do uso dos Ecopontos, como espaço de recebimento de resíduos secos e como apoio ao trabalho dos catadores e catadoras”. Basta que o que está descrito no plano seja considerado e elaborado para que São Paulo caminhe rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU e seja uma referência internacional no assunto.
Nós, do Pimp My Carroça, já manifestamos possibilidades de parcerias entre ecopontos e catadores de diferentes formas, seja em redes sociais como no vídeo com a Nanci, seja com uma edição do Pimp Nosso Ecoponto, evento que ocorreu no dia 11/05/2023 dentro do Ecoponto Astarte localizado no Aricanduva, Zona Leste de São Paulo.
25 Catadores tiveram suas carroças reformadas além de ganhar corte de cabelo e massagem. Como o nome do projeto sugere, o Ecoponto não ficou de fora e ganhou pintura nova feita por diversos grafiteiros além de uma horta e banquinhos sustentáveis feitos a partir das madeiras deixadas por lá. Veja algumas fotos.
Foto: Mundo em Foco