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Posicionamento sobre exploração de trabalho escravo de catadores por grandes corporações

Pesquisa do Ministério Público do Trabalho que escancara a exploração de catadores por empresas tem que provocar mudanças, afirma ONG Pimp My Carroça

Setembro, 2024 – Nesta sexta-feira (06), veio a público o relatório produzido pela instituição de pesquisa Papel Social para o Ministério Público do Trabalho, sobre as condições de trabalho dos catadores e catadoras na cadeia da reciclagem. A pesquisa-livro “Humanidade descartável: exploração do trabalho escravo pelas grandes corporações na cadeia produtiva da reciclagem” mapeia, em documento com mais de 400 páginas, ligações entre empresas robustas e trabalhadores em situação de vulnerabilidade.

Para quem conhece de perto a realidade das catadoras e catadores, sobretudo individuais – das ruas e dos lixões –, não há surpresas quanto ao que foi exposto sobre o dia a dia desses trabalhadores e sobre a sua relação com ferros-velhos e outros intermediários. O documentário "Humanidade Descartável", também produzido pela Papel Social durante as investigações, mostra imagens e depoimentos de catadores sobre a sua realidade, os problemas que enfrentam e suas percepções em relação à cadeia produtiva.

Mesmo assim, a identificação comprovada de inúmeras empresas nacionais e internacionais, todas de grande porte e, ao que tudo indica, conscientes das condições de trabalho análogas à escravidão, baixa remuneração e violação de direitos básicos impostas aos catadores e catadoras pelos intermediários, traz à tona a necessidade imediata de reparação dessa situação e de mudanças por parte desses líderes do mercado da reciclagem e também das marcas que adquirem seus produtos.

Dentre as empresas que reciclam e/ou produzem embalagens a partir dessa cadeia estão nomes como Ambipar, Ardagh, Ball, Basf, Braskem, Canpack, Crown, Dow, DuPont, Global PET, Klabin, Latasa, Massfix, Novelis, Owens-Illinois, Saint-Gobain, Suzano, Veralia, West Rock e Wheaton.

Grandes marcas adquirem produtos dessas empresas e estão, portanto, envolvidas econômica e socialmente nos problemas detectados. As mais conhecidas são Aché, Adidas, Amazon, Ambev/AB Inbev, Avon, BRF, Bunge, C&A, Carrefour, Cêpera, Coca-Cola, Danone, Eurofarma, Gerdau, Heineken, iFood, Johnson & Johnson, L’Oréal, Leroy Merlin, Lojas Americanas, Mondelez, Natura, O Boticário, Pepsico, Procter&Gamble, Seara, Starbucks, Unilever, Vale, Votorantim e Ypê.

A lista completa das empresas envolvidas está na página 213 do relatório da Papel Social. O Pimp My Carroça, ONG que trabalha há doze anos principalmente com catadoras e catadores autônomos, com pioneirismo e diversas inovações a fim de diminuir essa exploração, vem por meio desta nota repudiar essas práticas criminosas e provocar todas essas empresas para que enfrentem o enorme desafio da informalidade e transformem essa realidade desumana com ações concretas e imediatas.

O problema exposto na pesquisa é extremamente complexo e multifacetado – é necessário reunir diversas áreas de conhecimento para elaborar ações propositivas, e os líderes de mercado devem vir a público dizer quais medidas tomarão daqui por diante para eliminar essa situação desumana.

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