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Quais os riscos de ser catador?

Mesmo sendo a profissão mais importante para combater as emergências climáticas, sofrem com lesões físicas, preconceito, remuneração baixa e violências diversas 

Para a catadora e o catador de material que vai para a rua de maneira autônoma, o cenário de trabalho é duro. Os resultados da Pesquisa Cataki 2022 mostraram que esses trabalhadores passam por constrangimentos dos mais diversos. 

Metade dos entrevistados usuários do Cataki afirmaram que já foram impedidos de entrar em estabelecimentos comerciais para recolher resíduos, 67% foram vítimas de preconceito por ser catador, 63% apontam terem sido vigiados de perto por seguranças. 

Em São Paulo, 2 em cada 10 catadores responderam que já tiveram seu instrumento de trabalho apreendido pela prefeitura. Entre os usuários do Cataki, esse número é 50% menor. 

“Tem uma metade que bate palma, mas tem outra metade que, se tivesse metralhadora, já tinha me matado”, comenta uma catadora entrevistada na Pesquisa Cataki 2022.

Além da violência estrutural que esses profissionais sofrem, ainda há os riscos do dia a dia da catação. Vidros cortados, materiais contaminados, agachar centenas de vezes por dia para pegar os resíduos do chão - o corpo e a mente são afetados.

O perigo de ser catador ou catadora existe por causa da vulnerabilidade a qual essa profissão é sujeita pela indiferença do poder público e privado sobre suas próprias responsabilidades. O perigo do trabalho surge por ele não ser reconhecido.

Se catadoras e catadores tivessem acesso à educação formal, saúde pública de qualidade, acompanhamento psicossocial, remuneração justa, moradia digna e tantos outros direitos básicos, a catação seria uma profissão como qualquer outra.

Andar com um carro ou moto coletando resíduos recicláveis, fazendo educação ambiental porta a porta nos bairros, recebendo salário, com programa de moradia, acesso a infraestrutura pública, é possível e necessário para garantir a dignidade prevista na constituição federal.

Não tem luvas, máscaras, botas, plano de saúde, vale transporte, vale alimentação ou refeição, nem salário se não vende material, sem prensa, sem caminhão, sem galpão. Ou seja, o risco de ser catador é o risco de ter seu ofício sucateado em benefício de alguns empresários.

É o risco de você e sua família sofrer preconceito no bairro, na escola, na igreja. O risco de ficar sem renda por causa da baixa no preço dos materiais. E mesmo assim, catadoras e catadores seguem resistindo. Por que? Porque o maior risco é o planeta acabar. É vivermos num mundo poluído para muitos enquanto poucos enchem os bolsos.

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